Domingo, 21 de Março de 2010
O pior que nos aconteceu foi este país ser independente

A sério. O pior que nos aconteceu na vida foi D. Afonso Henriques e a mania da independência. Agora éramos Espanha, tínhamos uma taxa de desemprego lixada (e aqui não?), mas tínhamos mantido a língua e sabíamos falar outra, uma capital monumental, cidades cosmopolitas, artistas importantíssimos, escritores que dão cartas e o 60 Minutos faria reportagens sobre toureiros, que é o que acabo de ver na SIC Notícias. Não se trata do certo ou errado que está a tourada. Não entro nessas discussões. Trata-se de que é uma arte diferente que coloca Espanha no palco mundial. Nós temos o quê? O Bo na Casa Branca. É quase o mesmo, é.

(Ah, e se volto a ouvir um tuga dizer que os espanhóis não sabem falar inglês, traço alguém. Até parece que em Portugal não há quem diga McDónalde, tink em vez de think... complexozinho de inferioridade mais triste!)



publicado por Lina às 02:50
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Quarta-feira, 17 de Março de 2010
O pior é que ainda há rapazes assim

Interior. Noite. Café

 

Ele (conta por que razão está solteiro, procurando lançar charme à companhia) - ...Íamos casar e comprámos casa. Passávamos lá os fins-de-semana, mas acabei com ela porque não arrumava nada, nem lavava a louça.

Ela - Mas de certeza que as coisas já não estavam bem e que isso foi o culminar da situação, não?

Ele - Não, não. Acabei com ela mesmo por causa disso. Além do mais, a minha foi operada às varizes, pedi-lhe para ir lá a casa fazer algumas coisas e ela não foi.

 

(Isto é uma história verídica e a minha amiga Cristina e eu temos de agradecer a este cromo a pançada de rir que nos deu)

 

Apenas uma observação: é natural que a maioria dos rapazes já não seja assim, porque caso contrário arriscavam-se a ser completamente irrelevantes na vida das mulheres. Digamos que, se nós nos conseguimos sustentar trabalhando fora de casa, alimentarmo-nos e proteger a nossa caverna (vulgo casa), para que se querem homens neadertais? Para ter filhos? E quando digo para ter filhos é mesmo para ter filhos, porque depois quem trata deles são as mulheres...



publicado por Lina às 20:32
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Segunda-feira, 8 de Março de 2010
E porque um post feminista nunca vem só...

...Falemos sobre Helen Wright, directora de um colégio na Grã-Bretanha que voltou ao trabalho sete-horas-sete depois de ter dado à luz a terceira fila.


Ouvi isto contado há umas duas semanas na revista de imprensa internacional nas manhãs da SIC Notícias. Já se sabe que este assunto me enerva por de mais. Dizia-me eu: "Para que quer esta mulher três crianças se nem 24 horas fica com elas?"; "Bonito exemplo dá às suas alunas (têm razão os pais que se indignaram)"; "Isto é o fim do mundo em cuecas"; entre outras reflexões dignas de Zé Manel Taxista (mas com menos graça).


Sorte para mim, a indignação deu-me para ir à procura de mais informação. Encontrei-a aqui e

 

aqui. E Helen Wright não é uma maluquinha, pelo contrário. Ela leva a criança para o trabalho. Não sei se isto é um bom ou um mau exemplo e francamente não quero saber - ela acha que sim, que esta é uma maneira de mostrar às alunas que se pode trabalhar e ter filhos ao mesmo tempo. Eu não quero saber do exemplo. Mas parece-me que o que ela faz é uma pedrada no charco, uma afirmação política de enorme grandeza: "não me separo da minha cria, mas não abdico do meu trabalho".


Vamos lá ver: entre trabalho e bebés, eu escolherei sempre os segundos. Sempre. Porque bebés são pessoas e o resto é apenas "qualquer coisa", por mais importante que pareça. Por ti, Madalena, e pela tua irmã que vai nascer, eu faria qualquer coisa: matar, roubar, mentir, abdicar de um trabalho... Anything! Mas isso são "escolhas de Sofia". Não acontece. O que acontece todos os dias é ter de fazer balançar as coisas. Decidir a cada minuto: hoje vou ser melhor mãe ou melhor jornalista? E não tem de ser assim. Não devia pelo menos.


Os homens também pensam coisas destas acho eu, mas com as raparigas é pior. Porque começa logo com esta coisa da licença de maternidade, um instrumento com o qual não podia estar mais em desacordo.


Dantes achava muito bem que as mulheres pudessem estar em casa um fartão de meses com os seus filhos, mas só até me terem chamado a atençõa e perceber que isso é uma maneira de perdermos o comboio profissional. Não é só pelos quatro, cinco, seis meses ou um ano que estivemos fora. Isso é uma questão menor. Poderíamos sobreviver a ela e é uma questão de opção na verdade. O (grande) problema é que isto abre um ciclo.


Os bebés habituam-se a estar com as mães, elas é que dão o leite, a sopa, trocam a fralda. Cria-se uma relação que vai muito para além do papel natural de mãe e do dar de mamar (que só eu é que posso fazer). Começa-se com o leite e as fraldas, passa-se para a sopa e para ser a mãe a vestir todos os dias até que os meninos chamam a mãe até para coisas tão básicas como "dá-me um copo de água".


Dir-me-ão: é dividir a licença com o pai. É uma ideia, claro. E parece que na Dinamarca tem tido bons resultados, desde que passaram a dar benifícios fiscais aos pais que fiquem em casa com os filhos. Mas também não é bem isto que desejo!

 

O que eu gostava mesmo (não sei se é de ser uma rapariga do campo) é que pudessemos ser mais Helen Wright. Que pudéssemos trabalhar mais com eles por perto. Que a presença dos bebés não fosse tão intrusiva nas nossas vidas.

 

Hoje parece que as crianças estão sempre a mais. Mas tirando o cinema, teatro, discotecas e concertos, não vejo muito mais sítios onde os miúdos não devessem ser mais bem-vindos. E não são. E, temo, isto nunca vai mudar. 



publicado por Lina às 00:05
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Cem anos do Dia da Mulher

Conseguimos:

- votar

- conduzir

- fumar

- ir à escola

- frequentar a universidade

- controlar quando temos filhos

(Ainda) Não conseguimos:

- receber tanto como os homens

- ocupar tantos (ou mais) lugares de chefia

- deixar de ser "as protegidas de..." na política

- que nos deixem de tratar com um desdenhoso "minha senhora" nas conferências de imprensa

- fazer entender a certos burgessos que não se tratam empregadas de mesa como "amorzinho"

- dividir a licença de parentalidade (e é por isso que ela se chama "de maternidade")

- partilhar democraticamente as tarefas domésticas

Estou a esquecer-me de alguma coisa?

 

(mais informações sobre o Dia Internacional da Mulher)



publicado por Lina às 00:00
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Segunda-feira, 1 de Março de 2010
Sobre blogues (1)

Eu percebo aquelas raparigas da blogosfera que não têm paciência para estaminés de mamãs a falarem da filharada, nem mães em geral que falam de filhos. A sério que percebo. Também ando farta de tipas solteiras a mandarem posts de pescada sobre quão más são as relações de todas as amigas, sobre como têm a auto-estima sempre bem polidinha, sobre como estão sozinhas por opção. Right!!! Especialmente esta última parte. É que se está mesmo a ver que é por isso. Mesmo, mesmo. (Ai, ai, tem pai que é cego!)



publicado por Lina às 23:45
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Sábado, 20 de Fevereiro de 2010
Esclarecimento da gerência

Neste blogue não se fala de "Face Oculta" nem de Comissões de Ética. Ponto final.


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publicado por Lina às 09:46
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Sexta-feira, 15 de Janeiro de 2010
Evidências

 

Desde que há Rádio Amália não há taxista que não transporte ao som de um faduncho.


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publicado por Lina às 01:31
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Quinta-feira, 14 de Janeiro de 2010
Fez ontem 35 anos, mas nunca é de mais lembrar (especialmente para quem tem filhas)

 

 

O que tivemos de andar em apenas 35 anos.

Não admira, pois, que ainda falte tanta coisa.

 

(De hoje, da última página do DN, as alegações finais de Célia Metrass, uma das mulheres que esteve nesta manifestação: "Não percebo como se pode ser mulher sem ser feminista". Eu também não. Chamem-me intolerante. Chamem-me antiga. Vejo mil coisas para fazer. Vejo mil opressões, vejo que ser mulher não é apenas um género. Ser mulher é uma condição. Quase sempre pior do que ser homem).


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publicado por Lina às 13:13
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Terça-feira, 5 de Janeiro de 2010
Eu, terrorista, me confesso

À frente da escola da Mini há um sinal de proibição de parar "excepto tomada e largada de passageiros" feito à medida de todos os papás que levam as suas crias ao infantário e as recolhem à tarde. Isto, que é claro como água para qualquer pessoa que tenha feito o código, escapa à ética de uma série de condutores que passam naquela rua. "Não há sítio para estacionar? Vai mesmo aqui, a ver se passa", devem pensar.

 

A coisa nunca me tinha importado na Primavera e no Verão porque damos a volta ao quarteirão a pé. Agora que chove e faz frio a coisa pia mais fino e, que diabo, é para tomar e largar passageiros que o sítio lá está, portanto, porque hei-de andar mais 10 metros que seja para isso? Ora, pobres destes reles condutores, desta parte não têm culpa, eu sou uma mãe leoa e uma terrorista em potência. Canalizo todas as frustrações quotidianas para esse pequeno momento em que descubro a identidade de quem me obriga a deixar o carro uns 10 metros à frente para deixar a Madalena (são poucos metros, eu sei, portanto todos os podemos fazer) ou pedir "faxavor" ao segurança do prédio ao lado para me deixar parar nos lugares deles - onde passo eu a ser a infractora - para me passar da marmita. Vamos em dois e a contar...

 

A primeira a conhecer a minha fúria foi uma penetra de Clio preto. Há dias e dias que via o carro ali estacionado, mas 1) a senhora tinha uma cadeirinha no carro, donde poderia estar a deixar uma criança na escola tal como eu, apesar de nunca por lá ter visto semelhante alminha; 2) pode estar a deixar uma criança ou outra pessoa qualquer em outro sítio qualquer, o sinal diz "tomada e largada de passageiros" não diz "tomada e largada de passageiros na escola da Madalena". Ficava furibunda, mas enfiava a violinha no saco e pronto. Até que a vi estacionar, dar dinheiro ao arrumador e sair toda lampeira avenida abaixo. Claro que baixei o vidro e comecei a barafustar (a minha vontade era insultá-la de mastronça para cima, mas contive-me porque também estou perto do local de trabalho e não é que me apetecesse rodar a baiana, o que queria era enfiar-lhe cinco dedos nas fuças). Ela fez de conta que não me estava a ouvir e foi o que fez de pior porque a partir desse momento jurei-lhe, enfim, fazer-lhe a vida negra. Chamei a polícia, que não fez nada porque precisava que alguém lá estivesse quando o reboque chegasse e também tenho mais que fazer do que perder tempo com amibas. Preferi deixar recado com o arrumador, que o passou. Dois dias depois cruzo-me com a imbecil. Com tanto azar alguém já tinha ocupado "o lugar" dela. Preparava-se para estacionar num dos outros dois lugares proibidos. Assim que me viu saiu como se agora eu fosse proprietária de tudo quanto é espaço livre na avenida (gosto disto, no entanto) e ficou a falar com o arrumador, os dois a apontarem na minha direcção. A sério, gostava me dissessem alguma coisa.

 

O segundo contemplado foi um parvinho com uma carrinha de cargas e descargas. O segurança já anda a ficar possesso de me fazer favores e eu próprio já acho isto um abuso. O homem estava a estacionar e eu vá de estacionar ao lado dele e mandar-lhe os cães para cima. Se ele achava bem que eu andasse com a minha filha ao frio porque ele é um comodista. E ele a mandar-me argumentos totalmente disparatados, género "era só pedir" e o último, quando já não sabem o que dizer, "não se enerve". Ora, 1) não tenho de pedir nada, é do código; 2) claro que me enervo. Detesto perder tempo com inúteis. O certo é tirou mesmo o lugar do sítio.

 

E aquele "concentrado de burridade" que conduz o Clio preto se volta a pôr lá o carro leva com a polícia e com um bilhetinho educado a informar que fui eu que chamei o reboque. Só para se pôr em sentido. Ah, como é bom ter a razão do nosso lado!

 


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publicado por Lina às 12:00
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Quinta-feira, 17 de Dezembro de 2009
Sismo de magnitude 6.0 na escala de Richter, sono de magnitude 10.0 na escala do Cansaço

A Madalena estava dormir.

A mãe estava a dormir.

O pai estava a dormir.

 

E a dormir continuaram.

 

Se quiseres saber alguma coisa sobre o assunto, é ler aqui.

 


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publicado por Lina às 22:22
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