De há uns dias para cá, a Manena deixou de falar no Rodrigo.
O Guigo, um dos rapazes palhacinhos por quem a nossa filha tinha adoração, fez três anos e partiu para a escola dos grandes (já nem vai fazer parte da foto de grupo). Acho que pusémos uma cara tão decepcionada quando a Isabel nos disse que ele ia embora, que até ela - que corresponde ao estereótipo das auxiliares malvadas-mas-que-toda-a-gente adora - ficou comovida.Passou-lhe depressa, porém. Quando lhe disse que a Manena agora falava menos do Rodrigo, despachou-me a mil à hora: "Mais uns dias e já se esqueceu dele". Primeiro pensamento: "meu deus, esta mulher tem a sensibilidade de uma debulhadora de trigo. Está a propor à minha filha que se esqueça de um colega de quem gostou tanto"; Segundo, e reflectido, pensamento: "E não é sempre isso que acontece, seja em que idade for?".
Deve ter sido um telefonema duro: "Olha, o P. tem gripe A". Assim, muito calmo, tão calmo quando perguntou se estava tudo bem que eu vi logo que havia alguma coisa de errado (é assim, a mim já não me apanha, foi por ele que soube que a minha amiga tinha cancro). Vá lá, é apenas gripe A e, apesar de eu estar cheia de medo (sim, estou, estou mesmo), estou (estamos) a tentar dominar o medo. Se não há sintomas, por que razão hei-de entrar em pânico. Não vou levá-la ao hospital, nem fazer ondas. Vou só estar atentar e cruzar os dedos para que o alinhamento cósmico esteja a meu favor. Por favor, que não aconteça nada.
Mas isto também não é um post sobre gripe A. Nem para dar graxa ao S., embora pareça. É sobre a estatura dos grandes homens, a sua ética perante as circunstâncias adversas. Que faria eu se tivesse de ligar aos meus amigos a dizer que a minha filha estava doente (mesmo que tenha sido uma coisa muito ligeira e que já esteja totalmente resolvido)? Medo, muito medo. Mas ele não. Ele liga, explica, informa, dá dicas e faz tudo parecer fácil. Adoro pessoas assim. A sério. Gostaria de ser assim, gostava que a minha filha fosse assim. Não é histérico, não é indiferente, é na medida justo do que a circunstância requer. Isto tem muito valor, não me digam que não!
A mamã e as tias foram para a borga. Mas uma farra das antigas, daquelas que derivaram em série de TV. "Sexo e a Cidade", estão a ver?
Jantarinho num sítio giro (não sei se era da moda como tinha prometido, mas acho que podia ser), muitas gargalhadas, comidinha (incluindo sobremesa), conversas sobre rapazes (como não?), bebés, gravidezes, a nossa vida e a vida alheia, política (connosco o Bloco Central não tem hipótese!), politiquice (raios parta quem inventou o passos-coelhismo, embora o apelido do senhor diga muito sobre os seus gostos, if you what I mean).
Se para outra coisa não servisse, foi bom o encontro para ficarmos a saber que a Assembleia da República é aquele edifício branco ali ao lado de um restaurantezinho alentejano amoroso! Cristina, I love you! E amanhã praia...
Diferente, o primeiro, também conhecido por Kico Nico da Imaginarium, chegou cá a casa antes da própria Madalena, cortesia da Mariana e do Paulo. É branco, mas já esteve bege e foi à máquina de lavar. Chama-se assim porque é imperfeito - uma orelha maior do que a outra - lembrando que, na vida, ninguém tem tudo-tudo no sítio.
Azul é o gato. Foi a tia Vira que deu numas férias no Porto. Quando a Mini foi para a escola começou a levá-lo para lhe fazer companhia. Tem este nome porque é cor de rosa. Eh Eh.
Quiqui, uma das preferidas. Chegou a nossa casa no Natal, e foi um presente da prima Susana. Como os nomes têm de ser facilmente decoráveis tentamos associá-los à coisa em si. Esta boneca vestida de rosa e amarelo é da Chicco e tem o nome da marca na lapela. Não queríamos que tivesse nome de rapaz e chamámos-lhes Chicca (assim à italiana para ser mais chique), mas entretanto a própria Madalena se encarregou de a baptizar chamando-lhe Quiqui.
Branquinho é o urso polar com que dorme com a bebé na cama (e quando ela está mais constipada serve de almofada). Tal como o gato, recebeu o nome a pensar na sua principal característica. Serve de indicador do crescimento da Madalena. Quando o papá o ofereceu à filha ela era bem mais pequena do que ele. Hoje, não só ela é maior como consegue pegar nele com uma mão e atirá-lo.
No meio do desalento, da confusão, da angústia, da incerteza, foi ela, elazinha, com o seu ar avoado (no bom sentido), a sua distracção, a sua genica, que me fez parar e pensar: se ela está na boa, por que razão não me consigo acalmar? Se ela, que trata do filho sozinha e vive a 50 km, acha que isto tudo se faz, para que me hei-de chatear? "Sabes, eu tenho problemas tão maiores para resolver...", disse-me ela. Adorei. E, para mim, já ganhou. Pelo menos, em atitude.
Sem querer, nem pensar, ontem estive no meu trabalho com a Mini (podia lá ir, sem a atracção principal?!). Culpa da Sofia. Tinhamos combinado almoçar e depois ela convenceu-me a ir à redacção. O almoço foi muito fixe (temos de repetir) e rever toda a gente também foi muito bom.
Aposto que lá estive um ror de tempo, mas a mim pareceu-me que foram só cinco minutos. A Madalena abriu a goela e já não havia condições. Pudera, estava negrinha de fome depois de quatro horas sem comer (toda uma vitória, no entanto, aguentar este tempo todo). Com tanta emoção e tanta gente de volta da Madalena mal tive tempo de falar com as pessoas. Queria perguntar à Patrícia, a outra recém-mamã, se o regresso lhe está a custar muito e responder às perguntas que me fizeram, mas ficou tudo no ar...
Por exemplo, Sónia, a Mini ainda não vestiu o vestido que vocês lhe deram porque primeiro não estava calor suficiente e depois não tinha meias para vestir com o vestido. Mas já tratei disso. As t-shirts farta-se de usar. Às vezes até com um body de manga comprida por baixo para fazer aquelas sobreposições modernas! Os sapatos ainda lhe estão grandes.
E, cara Mikitas, para responder às tuas inquietações, o lavatório é mais que suficiente para a pirralhinha. Sim, ela já pesa 6200 gramas - mais do que um garrafão de água do Luso - mas só mede 60,5 cm.
Tenho pena de não ter mostrado a Mini à tia Almeida. Até pelo ridículo da situação: cruzámo-nos na rua - ela a procurar estacionamento, eu a tirar o chassis do carrinho da bagageira - e depois não apresentei a sobrinha à ogrinha . E nem houve tempo para dar um saltinho ao quarto andar para ver a Carla Lopes ou de ter feito fotos que registassem o momento. Conclusão: está visto que lá temos de voltar.
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