E, de repente, a mamã descobre que a Mini que deitou ontem não é a mesma que está agora na caminha. Não, não estou a falar de abduções, ovnis ou coisas desse género, que cá em casa não damos para essas maluqueiras, estou mesmo a falar das evoluções da Mini. De um dia para o outro (e eu acho mesmo que foi assim), começou a agarrar os objectos com precisão extra e consegue segurar duas coisas ao mesmo tempo. Hoje depois do jantar dei-lhe uma colher e o boneco-caranguejo e ela pegou nos dois. Primeiro ficou muito séria, depois percebeu que não tinha de escolher, que podia ficar com os dois.
Também já se senta sozinha e fica feliz da vida a entreter-se com os brinquedos. Não aguenta muito tempo mas quando cai já faz força no rabo como se fosse gatinhar.
De barriga para baixo já se consegue arrastar para trás (ela quer fazê-lo para a frente mas não consegue), mas só há um objecto nesta casa que lhe merece tanto esforço: o comando da TV.
Sim, a quarta-feira correu um cadito melhor do que segunda e terça, mas mesmo assim pergunto-me: por que razão insisto em preocupar-me com o trabalho? Vale a pena estar longe da Mini para isto? Para quê que ando sempre a correr?
Tinha muitas e lindas coisas para contar, mas basicamente não tenho tido tempo para me coçar quanto mais para escrever blogues. Queria, por exemplo, dizer como é verdade aquela máxima que diz que quando um coisa pode correr mal, vai correr mal. Isso foi basicamente a minha segunda-feira.
Não tinha a minha mãe para deixar a Madalena e foi precisamente nesse dia que a empregada faltou. Isso a mim deixa-me possessa. Especialmente porque ela só me avisou às 10h50 e, pior, primeiro disse-me que ainda vinha, depois disse que afinal estava doente. Juro que, por um momento, pensei que recuar nas minhas convicções e ir a correr inscrevê-la na escola. Não valia de nada, eu sei. O meu problema principal é não poder estar 24 horas por dia com a Madalena. E ia encontrar mil coisas odiáveis com certeza.
Agora, em compensação não tenho tempo sequer de me fartar dela. Pelo contrário, parece-me sempre pouco.
Mas o facto é que estava capaz de matar alguém na segunda-feira. Sobretudo porque essa "brincadeira" obrigou-me a mudar tudo o que tinha planeado. Incluindo o dia em que ia comprar o presente do papá, que fez ano esta terça-feira. O que fez com que a terça-feira fosse outro inferno. Incluindo as consultas de Medicina do Trabalho (porque é que os elevadores destas coisas são tão estreitos?)
A cereja em cima do bolo foi ter percebido que vamos ter de nos mudar para a nossa casa #2 antes de irmos para a casa nova. Ou seja, vamos empacotar e desempacotar duas vezes. Ou, não desempacotamos e vivemos como nómadas durante esse tempo. Estou cansada só de pensar nisso.
Enfim, só espero que quarta-feira seja melhor.
Na terça-feira à noite estreou o "Momento da Verdade". Para quem não sabe, é um concurso em que o concorrente se submete previamente ao teste do polígrafo e depois, no ar, tem de responder a 21 perguntas bombásticas e picantes sobre a sua vida pessoal do calibre de "Já teve sexo com outras mulheres que não a sua sem usar preservativo?", "Já foi apanhado pela sua mulher numa traição?", "Gosta de brincar com a sua filha?", "As mulheres têm lugar no Exército?". Se disser a verdade ganha dinheiro.
O cromo que foi a jogo, militar de profissão, pai de uma filha de 8 anos e com 27 anos, respondeu sim às duas primeiras, não às seguintes, ganhou 25 mil euros e, enfim, não é preciso ser um Einstein ou ter visto o programa inteiro para perceber que estamos perante um machista empedernido e, como se isso não bastasse, orgulhoso da sua condição e, pior, daqueles que não se fica pelo lá,lá,lá e passa mesmo à acção.
Acabei o programa levemente chateada por pensar que 1 cêntimo que seja dos meus impostos serve para pagar o salário a este anormal (que ainda por cima admitiu que já tinha ido bêbedo para o trabalho quando a função dele é conduzir o capitão da unidade), mas, enfim, estava decidida a fazer como os juízes quando têm de decretar medidas de coacção: analisar o contexto. Dar o desconto, em bom português. No fim de tudo pensei que ele pode ser como quer, a mulher que viva com ele se quer. Quanto a mim, só posso respirar de alívio por não ter de me cruzar com gente assim no meu dia-a-dia.
Mas isso era o que eu pensava até ter ido à piscina com a Madalena. Realmente, eu levei-a a uma aula à 10h30, o que não passa propriamente o sinal de que sou uma pessoa profissionalmente muito activa, mas a pessoa que me estava a tratar das burocracias perguntou-me realmente: "A mãe trabalha?". Isto podia ser uma coisa muito positiva. Do género, "uau, que ar descansado, que bom aspecto", mas temo que fosse o tal do contexto. Estava rodeada de crianças louras e das suas mães [todas magérrimas, com fatos-debanho de 150 euros e cortes de cabelos super modernos] com ar de quem leva os "piquenos" à piscina de manhã e faz spa de tarde. São preconceitos sim, e elas talvez pensassem o mesmo de mim e do meu ar de soccer mum: um fato-de-banho com aproximadamente 100 anos e umas calças de ganga manchadas para toda a eternidade e gerações vindouras do vomitado da Mini da semana passada.
São tudo juízos de valor errados, certamente, mas então porquê que a conversa degenerou ainda mais:
Senhora das burocracias: Agora só preciso que me dê o NIB.
Mamã: Agora não o tenho aqui.
Senhora das burocracias: Não faz mal, mãe. Depois pede ao marido e traz.
Desculpem???!!
Claro que também esta senhora pode pensar o que quiser, inclusive que sou uma dondoca (não é para isso que jogo ao Euromilhões?), mas esta do marido deixou-me com pele de galinha, porque, lá está, ela pode pensar o que quiser, mas eu não tenho de a aturar, pois não? E, no entanto, é por estas e por outras que não consigo ter uma opinião sobre a Sarah Palin, o grande acontecimento histórico do ano depois do nascimento da Mini. Por um lado é bom ter uma mulher a candidatar-se à vice-presidência dos EUA, mas por outro, que interessa tem se ela pensa como um homem?
É verdade que ninguém chega aos calcanhares de Michaels Phelps, é verdade que ele tem mais medalhas que Mike Spitz, é verdade que ele a nadar 100 metros crawl tem mais potência do que algumas centrais hidráulicas, mas a partir de hoje, caro nadador, se me estás ler, tens concorrência:
A Mini começou na piscina. E quando digo piscina é mesmo A Piscina. E foi lindo. Cinco segundos depois de ter começado a andar com ela às voltas, desatou a dar às pernas, o principal indicador de que Michael Phelps tem os dias contados como atleta mais medalhado de sempre numa edição dos Jogos Olímpicos. É sinal de satisfação.
O professor diz que os pais têm de mostrar segurança quando pegam nos bebés dentro de água e talvez seja por isso que ela ao meu colo manteve sempre aquele ar - igualzinho ao do papá - de quem está a fazer qualquer coisa que exige concentração a 100%. Ao colo do profe, esteve sempre a rir-se e a mostrar, literalmente, os dentes.
Engoliu um bocado de água, fez cara feia, mas quando viu as bolas coloridas que andavam a flutuar na piscina e o patinho verde... meus Deus, que dizer, do patinho verde... Andou com ele na boca e ainda fez fita quando saímos da água. Confesso que esta parte me meteu um bocado de nojo - quantas Madalenas terão querido fazer isto antes da nossa? - mas não há alternativa.
Já mencionei que foi lindo? Foi mesmo.
Caros amigos, visistantes conhecidos e desconhecidos, gente que aqui veio parar ao engano e ficou,
adoramos todos os comentários que nos deixam. Todos mesmo.
São bonitos, são inspiradores e já deixaram a mamã de lagriminha no canto do olho umas quantas vezes, mas nenhum chega aos calcanhares disto:
Domingo à tarde no Modelo (e, por favor, não comentemos a degradação suburbana que é ir fazer compras ao domingo à tarde):
Avó: Que giro! É uma a Madalena ainda não brincar com isto...
(a olhar para um escorredor de louça de brincar, carregadinho de pratos, copos, talheres e panelinhas, também de brincar)
Mãe (isto é, moi): Oferecias isto a um neto? Avó (leve ar de choque): Nem pensar! Não, não...
Mãe: Já começamos com os sexismos...
Avó (cinco segundos depois): Mas que giro, mas que giro! Um carrinho de compras!
Mãe: E esta esfregona?
Grrrrrrr...
Malditos preconceitos e maldita sociedade que nos impinge estes estereótipos.
Andava a esquecer-me de partilhar que afinal não é um, são dois, os dentes que a Mini tem a nascer. Claro que a mamã, bruta como é, achava que era só o dente romper a gengiva que aparecia logo um dentão. No caso da baby Madalena, ainda são apenas duas amostras de dentes na fila inferior, mesmo ao centro (tal e qual como os médicos dizem que é habitual acontecer). E o orgulho que a miúda tem nisto? Passa o tempo de boca aberta, a deixar ver o maxilar inferior. Modos, menina, modos!
É incrível a quantidade de coisas que mudaram entretanto:
A mamã tinha uma barriga, tu já nasceste. Foi a Milão ver o Rui Costa despedir-se em grande de San Ciro - vero uomo, gran cuore - agora ele é director desportivo do Benfica (o teu clube!). O papá mudou de trabalho duas vezes, a mamã esteve seis meses parada (no que diz respeito ao jornal), papávamos episódios de "24" como se fossem amendoins, agora temos ali a sexta série toda para ver. A Amy Winehouse era uma cantora espectacular, agora é uma drogada com a mania que é espectacular. Quando pensava em bebés achava que os pais podiam controlar tudo, mas já percebi que não. O Nuno Santos saiu da RTP e agora é director de programas da SIC. O roxo era a cor do Inverno, mas era difícil arranjar coisas giras e baratas (a tia João e a mãe compraram um casaco igual no tempo em que a mummy ainda se enfiava em roupa da Pull & Bear). Agora todas as montras das Amoreiras estão lilases. Quase não se jantava em casa, agora temos de ir ao supermercado três vezes por semana. Mudámos de carro, vamos mudar de casa (se correr tudo bem), passámos a ver os avós mais vezes porque eles são a nossa melhor ajuda, perdeste um avô e um bisavô, tens um primo a caminho, a tua prima adolescente tem um namorado, estamos fartos do "CSI", recomeçámos a ver o "Friends", não dormíamos a pensar que íamos ter um filho, agora dormimos pouco. Passávamos a manhã na cama, agora aproveitamo-las ao máximo.
Antes éramos 2, agora somos 3.
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